O grande vilão, em comum na praia ou na piscina, é a água. "Tanto a
água do mar quanto a da piscina do clube podem ter um certo potencial
de contaminação, alguma bactéria que pode causar uma infecção ocular",
diz Meibal Junqueira, oftalmologista do Instituto de Moléstias Oculares
(IMO). Para que isso aconteça, basta entrar água no olho.
"A lente de contato diminui a sensibilidade à dor. É claro que a gente
tem uma certa tolerância, mas se você fica com aquela lente o tempo
todo, vai manter a bactéria dentro do olho o tempo todo", explica a
médica. "O micro-organismo fica ali grudado na córnea."
Um micro-organismo que tem assustado oftalmologistas é a Acanthamoeba,
que pode causar um tipo de infecção grave, difícil de ser tratada. Um
caso que repercutiu no ano passado foi o publicado pelo jornal britânico
Daily Mail, em agosto, sobre uma jovem que contraiu a infecção
ao nadar com lentes de contato na piscina de um hotel. Ela não
desconfiou dos sintomas: vermelhidão nos olhos, irritação, sensibilidade
à luz. Sem tratamento, precisou de cirurgias oculares e o problema se
estendeu por meses. Jennie Hurst, de 28 anos, de Southampton, perdeu a
visão do olho esquerdo.
O caso da britânica é extremo, claro, e pode ser descartado com medidas
simples. A prática de esportes na água deve ser feita sempre com óculos
de proteção. Se for entrar no mar para se refrescar em um dia de praia,
feche os olhos ao mergulhar e tenha cuidado para não respingar água no
olho. "O que não pode é deixar entrar água no olho com a lente. Se forem
descartáveis, então, o mais seguro é retirar as lentes o mais rápido
possível e jogá-las no lixo", diz Meibal Junqueira.
Outra situação perigosa para a saúde ocular que costuma passar
despercebida entre usuários de lentes de contato é o banho de chuveiro.
"A água do chuveiro vem tratada, mas a caixa d´água ou o reservatório
podem estar contaminados", diz a médica, que lembra que a recomendação é
não entrar no chuveiro com lentes. "Mas a gente sabe que as pessoas
fazem isso, esquecem da lente. Se o olho irritar, ficar vermelho ou
sentir algum incômodo, descarte as lentes, mesmo que novas."
A preocupação em relação à água, a médica explica, é muito maior do
que o contato com outras substâncias, como areia ou protetor solar. "O
grande problema em relação a infecções é mesmo a água. Poeira, cisco,
protetor solar, em qualquer um desses casos é só tirar, limpar com a
solução multiuso própria para as lentes e tudo bem. Mas, com a água, um
único episódio é suficiente para causar infecção no seu olho." Se o olho
irritar depois de um dia na praia, a dica é fazer uma compressa de água
filtrada gelada - mais indicado até do que soro fisiológico, que por
conter sais pode piorar a irritação - sem deixar cair dentro do olho, é
claro.
A córnea, um tecido delicado e muito transparente, age como se fosse a
lente de uma máquina fotográfica. "Qualquer tipo de opacidade ou
cicatriz na córnea pode levar à diminuição da visão", completa Meibal
Junqueira. No caso de lentes rígidas, mais seguras que as gelatinosas, a
opção é levar ao oftalmologista e esterilizá-las novamente.
Um hábito comum entre os usuários, o de levar consigo o kit com a
caixinha para guardar as lentes, tem cuidado redobrado também nessa
estação. "Se for levar o estojinho da lente à praia, é preciso
armazená-lo em um lugar limpo. Há um risco grande, dependendo de onde
ele for deixado e em quais condições, de sofrer uma contaminação por
bactérias", lembra a médica Márcia Beatriz, oftalmologista mestre pela
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro da Sociedade de
Oftalmologia Pediátrica da Latino América.
Óculos de sol para proteger
Considerado um acessório mais do que um item de proteção, o óculos de
sol também tem grande importância da saúde docular. "O efeito cumulativo
da exposição solar sem proteção pode levar a uma série de doenças
também dos olhos", diz a médica Márcia Beatriz. "Quando você vai sair ao
sol, não passa filtro solar no rosto? Os olhos também precisam de
proteção."
A indicação na hora de comprar o modelo está nas lentes, que precisam
obter proteção contra raios UV - há marcas que possuem certificados que
atestam essa condição do produto. Além disso, o uso dos óculos de sol
são recomendados também para crianças, como lembra a médica. "Temos uma
cultura errada, de achar que o óculos de sol é um brinquedo para a
criança, mas não é. Desde bebê ela pode e deve usar óculos, que devem
ter proteção contra a radiação ultravioleta. Hoje uma das maiores causas
de cegueira é a catarata, uma doença muito relacionada aos efeitos
cumulativos da exposição solar inadequada."
Após um dia de sol sem proteção, é comum sentir ardência, vermelhidão
ou sentir os olhos lacrimejantes, sintomas de queimaduras no olho.
Compressas com água filtrada gelada também são indicadas para um alívio
imediato, e o oftalmologista deve ser consultado com urgência.
Uma alimentação saudável, com bastante vitamina A e C, também auxilia
na saúde dos olhos. Incluir cenouras, ovos e verduras verdes nas
refeições deve fazer parte da rotina no verão.
Fonte: UOL Notícias
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